A síndrome dolorosa trocantérica (SDT) é uma condição comum que afeta a região lateral do quadril, especificamente ao redor do grande trocânter do fêmur.
Ela é caracterizada por dor localizada e sensibilidade na área, podendo irradiar para a parte lateral da coxa. A SDT é uma causa frequente de dor no quadril em adultos, especialmente em mulheres de meia-idade e idosos.
A síndrome dolorosa trocantérica é um termo abrangente que inclui várias condições que afetam a região do trocânter maior, que é a parte com maior proeminência óssea na parte superior do fêmur, onde vários músculos e tendões, incluindo os glúteos médio e mínimo, se inserem.
Algumas dessas condições são: bursite trocantérica, tendinopatia dos músculos glúteos médio e mínimo e a disfunção da banda iliotibial.
Principais fatores de risco
- Idade e Gênero: A condição é mais comum em mulheres de meia-idade e em idosos, devido a alterações hormonais e anatômicas, como o aumento da largura do quadril e do ângulo Q (ângulo entre o quadril e o joelho).
- Alterações Biomecânicas: Desequilíbrios musculares, fraqueza nos músculos glúteos e tensões na banda iliotibial podem resultar em aumento da tensão na região do trocânter maior.
- Lesões ou Sobrecarga: Atividades repetitivas, como correr ou caminhar longas distâncias, ou traumas diretos na região do quadril, podem causar inflamação e dor.
- Condições Sistêmicas: Doenças reumáticas, como a artrite reumatoide, e condições metabólicas, como a obesidade, também aumentam o risco de desenvolvimento da SDT.
A SDT envolve inflamação, sobrecarga ou lesão das estruturas ao redor do trocânter maior.
A bursite trocantérica, uma das manifestações mais comuns, é caracterizada pela inflamação da bursa trocantérica, uma pequena bolsa preenchida com líquido que reduz o atrito entre os tendões e o osso.
A tendinopatia dos músculos glúteos médio e mínimo ocorre devido à sobrecarga ou microtraumas repetitivos que resultam em degeneração das fibras tendíneas. Em alguns casos, pode haver ruptura parcial ou completa desses tendões, causando dor e fraqueza na região do quadril.
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome dolorosa trocantérica é clínico e baseado em uma combinação de história clínica, exame físico e, em alguns casos, exames de imagem. Entenda abaixo como o médico irá proceder para chegar no diagnóstico da SDT:
- História Clínica: Os pacientes geralmente relatam dor localizada na parte lateral do quadril, que pode ser exacerbada por atividades como caminhar, subir escadas, deitar-se de lado ou permanecer em pé por períodos prolongados.
- Exame Físico: A palpação do trocânter maior provoca dor localizada. Testes específicos, como a manobra de abdução resistida do quadril (abrir o membro inferior contra a força do examinador), podem aumentar a dor, indicando possível tendinopatia glútea. Além disso, a avaliação do alinhamento dos membros inferiores, do ângulo Q e da força dos músculos glúteos é fundamental.
- Exames de Imagem: Embora o diagnóstico seja majoritariamente clínico, exames como ultrassonografia e ressonância magnética podem ser utilizados para avaliar a inflamação da bursa e a integridade dos tendões glúteos. O médico irá avaliar e solicitar exames complementares quando necessário.
Tratamento
O tratamento da síndrome dolorosa trocantérica é geralmente conservador e visa aliviar a dor, reduzir a inflamação e restaurar a função do quadril. Veja as opções terapêuticas:
- Modificação da Atividade: Reduzir ou evitar atividades que exacerbem a dor, como corrida ou permanecer em pé por longos períodos.
- Fisioterapia: É o pilar do tratamento, focando no fortalecimento dos músculos glúteos médio e mínimo, alongamento da banda iliotibial e correção de alterações biomecânicas. Técnicas de terapia manual e exercícios de propriocepção (exercícios específicos) também podem ser incluídos.
- Medicação: Analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e, em alguns casos, injeções de corticosteroides (procedimento de infiltração) na região do trocânter podem ser utilizados para alívio da dor.
- Terapias Adjuvantes: Modalidades como ultrassom terapêutico, ondas de choque extracorpóreas e laser de baixa intensidade têm demonstrado benefícios na redução da dor e inflamação.
- Intervenção Cirúrgica: Em casos em que o tratamento conservador não resolve o quadro, a intervenção cirúrgica, como a bursectomia ou reparo do tendão glúteo, pode ser considerada.
Conclusão
O prognóstico da síndrome dolorosa trocantérica é geralmente bom com o tratamento adequado. A maioria dos pacientes responde bem à terapia conservadora, embora a recuperação possa demorar várias semanas e em alguns casos, meses, dependendo da gravidade da condição. A reabilitação adequada e a correção de fatores biomecânicos são essenciais para prevenir recorrências.
Se a dor na lateral do quadril está te incomodando, entre em contato para iniciarmos o tratamento adequado.
Dr. Fellipe Takatsu | CRM SP 157307/ RQE: 61862
Médico ortopedista
Referência:
Silva, P. B., & Brum, J. M. “Tratamento da síndrome dolorosa trocantérica: revisão.” Revista Brasileira de Fisioterapia, 2018.
Reimers, T. “Management of Greater Trochanteric Pain Syndrome.” Orthopedic Clinics of North America, 2019.
Sociedade Brasileira de Reumatologia. “Síndrome dolorosa trocantérica: aspectos clínicos e terapêuticos.”