Esses tratamentos focam na redução da dor, melhora funcional e, em alguns casos, no estímulo da regeneração tecidual.
Os procedimentos para dor e regenerativos no tratamento de patologias ortopédicas têm se tornado uma área de interesse crescente, à medida que as terapias biológicas e minimamente invasivas continuam a evoluir. Os procedimentos reduzem dores, estimulam a regeneração tecidual, utilizando tecnologias como plasma rico em plaquetas (PRP), células-tronco mesenquimais (CTMs) e proloterapia, além de intervenções tradicionais como bloqueios nervosos e infiltrações intra-articulares com corticosteroides ou ácido hialurônico.
Procedimentos para Alívio da Dor
1- Bloqueios Nervosos
Os bloqueios nervosos são uma técnica eficaz para o controle da dor, sendo amplamente utilizados em diversas condições ortopédicas, como a síndrome do túnel do carpo, neuropatias periféricas e a dor crônica pós-traumática.
Procedimentos guiados por ultrassom permitem a localização exata de nervos periféricos, aumentando a precisão e reduzindo o risco de complicações. Estudos mostram que os bloqueios nervosos podem ser usados como parte de um protocolo de manejo multimodal da dor, melhorando os resultados funcionais e reduzindo a necessidade de opioides.
Por exemplo, bloqueios do nervo femoral e ciático são frequentemente utilizados em cirurgias de quadril e joelho, proporcionando analgesia pós-operatória eficaz.
Um estudo randomizado demonstrou que o uso de bloqueios guiados por ultrassom é superior ao uso de bloqueios sem orientação em termos de precisão, segurança e controle da dor, especialmente em pacientes com dor neuropática ou associada a lesões complexas.
2- Infiltrações Intra-articulares de Corticosteroides
As infiltrações de corticosteroides têm sido um dos tratamentos mais comuns para o alívio temporário da dor associada à osteoartrite (OA) e outras condições inflamatórias articulares. A administração intra-articular reduz a inflamação sinovial, proporcionando alívio rápido da dor e melhora na mobilidade.
No entanto, as infiltrações de corticosteroides têm efeito limitado a curto prazo e devem ser usadas com cautela devido ao risco de potenciais efeitos adversos, como degeneração acelerada da cartilagem.
Um estudo publicado no Journal of Bone and Joint Surgery mostrou que, embora eficazes a curto prazo, infiltrações repetidas de corticosteroides podem estar associadas à progressão da osteoartrite, especialmente no joelho.
3- Infiltrações com Ácido Hialurônico (Viscossuplementação)
A viscossuplementação com ácido hialurônico (AH) é outra terapia utilizada para o manejo da dor na osteoartrite, particularmente do joelho. O ácido hialurônico atua como um lubrificante na articulação e, em algumas formulações, pode ter efeitos anti-inflamatórios. Estudos indicam que as infiltrações de AH são eficazes para melhorar a função e reduzir a dor, especialmente em pacientes com osteoartrite leve a moderada.
Um ensaio clínico randomizado demonstrou que o ácido hialurônico guiado por ultrassom para osteoartrite do joelho resultou em melhorias significativas nos escores de dor e função articular comparado ao placebo, com efeitos que duram até seis meses após a injeção .
Procedimentos Regenerativos
1- Plasma Rico em Plaquetas (PRP)
O PRP é uma terapia biológica que tem como objetivo promover a regeneração tecidual através da liberação de fatores de crescimento concentrados, derivados do próprio sangue do paciente.
O PRP é amplamente utilizado no tratamento de tendinopatias crônicas (como no tendão de Aquiles ou epicondilite lateral), lesões ligamentares, e osteoartrite, sendo particularmente promissor em pacientes jovens e atletas.
Estudos indicam que o PRP pode acelerar a cicatrização de tendões e ligamentos, reduzindo a dor e melhorando a função.
Um ensaio clínico randomizado mostrou que o PRP foi significativamente mais eficaz do que corticosteroides na melhora da dor e da função em pacientes com tendinopatia patelar crônica, com benefícios sustentados a longo prazo .
Na osteoartrite, estudos têm mostrado resultados mistos. Embora muitos estudos demonstrem melhora da dor e da função com o uso do PRP, especialmente em pacientes com OA leve a moderada, outros estudos indicam que a eficácia do PRP pode ser inferior ou equivalente à viscosuplementação em termos de alívio da dor, sugerindo que sua aplicabilidade pode depender da fase da doença e do perfil do paciente.
2- Células-Tronco Mesenquimais (CTMs)
As células-tronco mesenquimais (CTMs) têm sido exploradas como uma terapia promissora para a regeneração de tecidos ortopédicos, incluindo cartilagem, osso e tecido tendíneo.
As CTMs podem ser isoladas da medula óssea ou do tecido adiposo do próprio paciente, e, uma vez injetadas nas áreas lesionadas, têm o potencial de se diferenciar em diferentes tipos celulares e promover a regeneração tecidual através da liberação de fatores de crescimento e citoquinas.
As CTMs têm mostrado potencial no tratamento de lesões articulares degenerativas, como a osteoartrite.
Um estudo publicado no American Journal of Sports Medicine demonstrou que pacientes com OA de joelho tratados com CTMs autólogas mostraram uma melhora significativa nos escores de dor e função, além de um aumento na espessura da cartilagem no seguimento de 24 meses .
No entanto, as terapias com células-tronco ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento clínico, e os resultados variam dependendo da fonte das células, da concentração utilizada e do método de aplicação. Além disso, a maioria dos estudos até o momento são pequenos e carecem de acompanhamento a longo prazo, necessitando de mais ensaios clínicos randomizados para validar seus benefícios e segurança.
3- Proloterapia
A proloterapia é uma técnica regenerativa que envolve a injeção de soluções irritantes, como dextrose, em ligamentos, tendões ou articulações para induzir uma resposta inflamatória controlada, promovendo a cicatrização e o fortalecimento dos tecidos moles.
Esta técnica é utilizada para tratar instabilidade ligamentar, dor lombar crônica e lesões tendíneas.
Embora os mecanismos exatos da proloterapia ainda não sejam completamente compreendidos, estudos demonstram que ela pode ser eficaz no tratamento da dor crônica e na melhora da função em pacientes com instabilidade ligamentar.
Um ensaio clínico controlado publicado no Archives of Physical Medicine and Rehabilitation mostrou que pacientes com dor crônica no joelho tratados com proloterapia relataram melhorias significativas na dor e na função, com efeitos sustentados até um ano após o tratamento .
Conclusões
Os procedimentos para alívio da dor e regenerativos estão cada vez mais integrados ao arsenal terapêutico da ortopedia, com evidências crescentes de sua eficácia no manejo de condições ortopédicas comuns, como tendinopatias, lesões articulares e osteoartrite.
No entanto, embora muitos desses tratamentos ofereçam resultados promissores, ainda há necessidade de estudos de longo prazo, ensaios clínicos randomizados maiores e padronização dos protocolos para melhor compreender seu impacto e garantir sua segurança e eficácia.
Se você obusca um procedimento minimamente invasivo para melhorar suas dores, entre em contato e agende sua consulta!
Dr. Fellipe Takatsu | CRM SP 157307/ RQE: 61862
Médico ortopedista e médico do esporte
Referências
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